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O mais doce engenheiro de Sistemas e Informática

Paulo Fernandes matriculou-se no colégio La Salle no ano de 1985-1986, na turma de Inglês. Uma turma com 33 alunos arejados, alegres, inteligentes, responsáveis, criativos… espetaculares. Passou pela Escola Secundária de Alcaides de Faria e licenciou-se na Universidade do Minho…

– Pai amanhã vais receber uma prenda. Prepara-te! – disse-me a minha filha com um leve sorriso.
– Que prenda? De quem? – questionei-a.
– Não sei – respondeu-me.

No dia seguinte chega-me um embrulho às mãos. Olhei-o e confesso que temi tratar-se de uma brincadeira de mau gosto. A fragilidade escrita, na parte exterior, em tamanho que se visse, chamou-me a atenção. Abri a caixa e dentro encontro-me com outra hermeticamente fechada, abri-a e deparo-me com uma terceira, mais frágil, que aconchegava uma forma metálica reluzente. Na tampa gravado uma máxima muito lassalista: “Partilhar é multiplicar felicidade” – Chef Paulo Fernandes, O Pudim da TV. Abria-a com cuidado e dentro encontrei a melhor das “bombas”, cirrótica mas muito gostosa, um pudim Abade de Priscos. Grande maluco! – exclamei. É preciso ter uma boa dose de loucura para embrulhar um pudim e mandá-lo via correio. Uma pessoa normal não é capaz de o fazer. Fiquei sem palavras, mas felicíssimo.

No meu Facebook, uns dias antes, apareceu-me uma notícia agradável. Um grupo de antigos alunos, que passaram pelo La Salle nos longínquos anos 83 – 85, resolveram matar saudades e celebrar a vida à volta da mesa para recordar velhos tempos. Lá estava a Rita, o Guilherme, o Paulo Ricardo, a Sila, a Luciana… e no centro da mesa uns pudins. Leio os comentários e alguém elogiava o pudim, que mais tarde vim a saber que era o famoso O Pudim da TV (Prior de Priscos). Coloquei um gosto, acrescentando, inocentemente, que um dia gostaria de o provar. E a coisa ficou por aí. Claro que o Paulo Ricardo viu e respondeu ao desejo de quem sempre gostou e ainda gosta de todo o tipo de pudins. Pôs mãos à obra e, uma semana depois, estava a provar a iguaria. Não foi só o pudim que chegou a minha casa. Foi também uma atitude linda, uma pessoa maravilhosa, criativa, simpática que um dia passou pelo meu barco. Sabe tão bem estes miminhos!

Não resisti, o “Messenger” uniu-nos e, para além de lhe agradecer, ainda ouvi uma extraordinária história. Como é que um engenheiro de Sistemas chegou ao Pudim?

O Paulo Ricardo, formou-se na Universidade do Minho e com 22 anos criou uma empresa na área da informática. Criar sistemas fundamentalmente para agências imobiliárias espalhadas por todo o país. Casou, tem duas filhas e atualmente vive em Fafe. Oriundo de Barcelos, o Paulo sempre cultivou os valores que a família e a escola lhe transmitiram. Sempre o vi como uma pessoa alegre, criativa, generosa e otimista.

Na pandemia, enquanto uns choravam pelos cantos ele resolveu fabricar lenços para enxugar as lágrimas. Dedicou-se simplesmente aos doces. “Como sempre fui um pouco (muito) guloso por doces, desde pequenino, dediquei-me à culinária, concretamente à doçaria. Fiz todo o tipo de doces desde os ovos moles, até aos famosos jesuítas… e como por vezes ia a Priscos buscar pudins, um dia, parei e resolvi fazer eu o doce do Abade de Priscos. Saiu-me bem!”

No dia do seu aniversário, o Paulo Ricardo teve uma ideia genial, brilhante. Pegou na lista dos amigos que geralmente convidava para a festa do seu aniversário e fez um pudim para cada um deles. Com a máscara colocada, lá foi distribuir os pudins pelas casas dos amigos e à hora marcada, cantaram-se os parabéns via net e no fim todos comeram bolo, ou melhor, pudim.

A ideia genuína chegou às manhãs da TV. Depois de alguma resistência, o nosso Engenheiro resolveu participar no duelo de Natal: ele com o seu “ Abade de priscos” contra o pudim de laranja. Ganhou visibilidade o produto e começou a ser tão requisitado que obrigou-o a registá-lo com o nome: “O Pudim da TV” e criar uma empresa, que neste momento, produz pudins um pouco para todo o lado, “até já chegaram à Nova Zelândia! É só fazer a encomenda pelas redes sociais que nós fazemos com que ele chegue bem e gostoso à casa dos clientes.”

“Todos as agências imobiliárias que renovam os contratos com a nossa empresa, ou comprem os nossos produtos, recebem O Pudim da TV como prémio”.

Meus amigos, por trás desta história do Pudim da TV, que um dia destes chegou inesperadamente a minha casa, realço valores que o La Salle semeou nos seus alunos. O Paulo Ricardo é um exemplo de bom lassalista, porque ser lassalista é ser criativo, é ser solidário, é ser empreendedor, é pensar sempre na felicidade dos outros.

Obrigado Paulo não só pelo pudim, mas fundamentalmente, por seres quem és!

David Macedo
David Macedo